domingo, 27 de maio de 2012

Xenófanes



O pano de fundo da filosofia de Xenófanes de Colofão é a crítica à concepção dos deuses fixada de modo paradigmático por Homero e Hesíodo, própria da religião tradicional e do homem grego em geral. O antropomorfismo (forma de homem) da religião grega é um erro e um absurdo que a crítica do filósofo quer superar. Não tem sentido crer que os deuses e o divino em geral têm aspecto, forma, sentimentos, tendências totalmente iguais aos dos homens, por mais nobres que sejam.
“Se os bois, os cavalos e os leões tivessem mãos ou pudessem pintar e realizar as obras que os homens realizam com as mãos, os cavalos pintariam imagens dos deuses semelhantes a cavalos, os bois semelhantes a bois, e plasmariam os corpos dos deuses semelhantes ao aspecto que tem cada um deles”
“Os etíopes dizem que os deuses são negros e têm nariz achatado, os trácios dizem, ao invés, que têm olhos azuis e cabelos ruivos”.
Portanto, os deuses não têm e não podem ter semelhança humana; é menos ainda pensável que tenham costumes humanos e, sobretudo, cometam ações ilícitas e nefastas, como diz a mitologia. Analogamente, segundo ainda Xenófanes, é impossível que os deuses nasçam, pois se nascem, também morrem. Nem também se movam ou desloquem de um lugar para outro, permanecendo, assim, sempre imóvel.
“Sempre no mesmo lugar permanece sem mover-se absolutamente, mas se lhe atribui o deslocamento, ora para um lugar, ora para outro”.
DEUS É O COSMO. “O universo é uno, deus, sumo entre os deuses e os homens, nem por figura nem por pensamento semelhante aos homens”.
“Todo inteiro vê, todo inteiro pensa, todo inteiro ouve”.
A física de Xenófanes é semelhante a dos jônicos em relação ao princípio de tudo. Em alguns fragmentos ele admite ser a terra, em outros, a terra e a água a origem e o fim de todas as coisas.
A importância de Xenófanes se deve ao fato de inaugurar um modo de pensar a unidade como totalidade, do movimento como ilusão e da separação entre o percebido e o refletido. Suas ideias terão acabamento na escola eleática, cujo maior expoente foi o famoso Parmênides.

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