Voltaire é, antes de tudo, um polemista. Pretende lutar contra os sistemas vãos, contra opiniões falsas e condena toda atitude fundada na crença e na superstição ou ainda nos pensamentos puramente abstratos. No entanto, ele não se contenta apenas em destruir opiniões, mas possui também convicções positivas de pesquisa sobre a verdade, a sabedoria e a felicidade.
Ideal político: Voltaire condena o arbitrário, não o monárquico; mas o monarca deve conformar sua conduta às exigências da razão. Um príncipe aconselhado pelos filósofos e sendo ele mesmo um filósofo, fará o seu povo feliz, concedendo plenos graus de liberdade a seus súditos, que, por sua vez, tendo o espírito formado na filosofia, aceitam de bom grado sua tutela, fazendo com que a felicidade pública reine sob a lei do despotismo esclarecido.
Ideal religioso: Voltaire condena as religiões estabelecidas, não a fé racional em um príncipe divino. Segundo ele, a razão prova a existência de um Deus, única explicação possível do mundo, “ser necessário, eterno, supremo, inteligente”. Este Deus, arquiteto e trabalhador, rege o mundo segundo leis imutáveis; Ele assegura a ordem universal e pode se revelar como um Deus justo, vingativo e generoso. Quanto à religião, ela é necessária ao povo, mas deve proscrever os dogmas, as cerimônias e se definir não como um sistema teológico, mas como uma instituição de Estado. Ele era contra qualquer tipo de intolerância, assim como acreditava na liberdade para se alcançar os objetivos do homem e não os de Deus, criticando a ideia de que esse seja o melhor dos mundos possíveis.
Ideal moral: Voltaire condena as teorias metafísicas, não a humilde e a honesta reflexão sobre os grandes problemas. Ele discute sobre a natureza da alma, sobre a existência do mal, sobre o destino do homem, etc., mas sempre conservando bastante prudência em suas afirmações. Ele também se preocupa em conciliar o determinismo universal com a liberdade humana. Voltaire nunca impele seu pessimismo até à desesperança estéril. Ele é, antes de qualquer coisa, cuidadoso de perceber ações úteis e tenta transmitir uma sabedoria prática. O homem deve construir sua própria felicidade e ajudar seu próximo a ser feliz: a mais bela virtude é a benevolência; a grande lei da espécie é o trabalho.
Assim é que François-Marie Arouet, que usa o pseudônimo Voltaire, reflete acerca de seu tempo, sobre os homens e instituições políticas, religiosas e morais, pretendendo substituir o impulso supersticioso pela moderação dos ideais, refreando-os através da crítica que leva à consciência da Razão e sua melhor utilidade.
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