domingo, 27 de maio de 2012

Substância e Categorias em Aristóteles



“O ser se diz de várias maneiras...”. Com essa frase, Aristóteles funda uma nova maneira discursiva de se alcançar a verdade das coisas. Não mais o diálogo, como em Platão, mas a partir do instrumento do pensar.
Em primeiro lugar, é preciso definir o conceito de substância para Aristóteles. Segundo o pensador, é o suporte ou substrato pelo qual a matéria se constitui em algo seguindo uma forma. É na substância que atuam as famosas quatro causas. O filósofo divide a substância em duas:
A substância primeira refere-se aos seres particulares, individuais, realmente existentes, na qual podemos ter sensações (referência imediata). Nessa substância estão contidas tanto a essência quanto os acidentes (p.ex.: Sócrates). Já a substância segunda refere-se aos universais abstraídos dos indivíduos (por isso são referências mediadas pelo pensamento, pelo raciocínio). Sua existência depende dos indivíduos, que são classificados em gêneros e espécies. A substância é sempre sujeito, isto é, aquilo do que se fala, do que se atribui.
A definição de essência se refere àquela que guarda uma identidade consigo mesma, uma unidade interna sem a qual não há determinação e tudo é misturado, indistinguível. São as características próprias dos seres (p.ex.: a essência de homem é ser animal, racional, mamífero, bípede, etc.). O acidente, por sua vez, é aquilo que não é necessário em um ser, sem o qual o ser não deixa de ser o que é, seja pela ausência ou pela presença (ex.: homem negro, branco, alto, baixo, gordo, magro, rico, pobre). São atribuições que se referem ao indivíduo, mas não o definem.
No entanto, para se atribuir algo a um sujeito, é preciso que haja predicados ou categorias que dizem o ser de vários modos. Aristóteles considera a existência de nove categorias com as quais se diz sobre o ser. São elas:
  1. Qualidade;
  2. Quantidade;
  3. Relação;
  4. Lugar;
  5. Posição;
  6. Tempo;
  7. Posse;
  8. Ação e
  9. Paixão.
As categorias são termos de proposições que declaramos sobre as coisas. Elas indicam que algo é, faz, ou ainda, está. São apreendidas diretamente, sem necessidade de demonstração. Não são conhecimentos, já que estes derivam de um conjunto de proposições declarativas do qual é extraída uma conclusão. É o famoso silogismo. As categorias possuem as seguintes propriedades:
  • Extensão: conjunto de coisas determinadas por uma categoria;
  • Compreensão: conjunto de características que uma categoria designa.
Temos que quanto maior a extensão de uma categoria ou termo, menor será sua compreensão e vice-versa. Sócrates é apenas um indivíduo (menor extensão e maior compreensão); já Homem é um conjunto (maior extensão e menor compreensão).
Essa distinção permite classificar as categorias em:
  • Gênero: extensão maior, compreensão menor. Ex.: animal.
  • Espécie: extensão média e compreensão média. Ex.: homem.
  • Indivíduo: extensão menor e compreensão maior. Ex.: Sócrates.
Desse modo, Aristóteles pôde construir sua lógica como instrumento do correto pensar através de silogismos.

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